3 de set. de 2011

2º ANO - ESTUDO DIRIGIDO II - 3º BIMESTRE

2º ANO – Terceiro Bimestre
ESTUDO DIRIGIDO II – (1,0)

ALUNO:______________________________________________________ Nº:_______

SÉRIE/TURMA: _________________________________________ DATA: ____/___/___

Após a leitura e reflexão do texto abaixo, exponha suas conclusões em relação às questões levantadas no exercício de atividades.

Leitura complementar

[A revolução científica]

Admite-se de maneira geral, que o século XVII sofreu, e realizou, uma radicalíssima revolução espiritual de que a ciência moderna é ao mesmo tempo raiz e o fruto. Essa revolução pode ser descrita, e foi, de várias maneiras diferentes. Assim, por exemplo, alguns historiadores viram seu aspecto mais característico na secularização da consciência, seu afastamento de metas transcendentes para objetivos imanentes, ou seja, a substituição da preocupação pelo outro mundo e pela outra vida pela preocupação com esta vida e este mundo. Para outros autores, sua característica mais assinalada foi a descoberta, pela consciência humana, de sua subjetividade essencial e, por conseguinte, a substituição do objetivismo dos medievos e dos antigos pelo subjetivismos dos modernos; outros ainda crêem que o aspecto mais destacado daquela revolução terá sido a mudança de relação entre teoria e práxis, o velho ideal da vita contemplativa cedendo lugar ao da vita activa. Enquanto o homem medieval e o antigo visavam à pura contemplação da natureza e do ser, o moderno deseja a dominação e a subjugação.

Tais características não são de nenhum modo falsas, e certamente destacam alguns aspectos bastante importantes da revolução espiritual – ou crise – do século XVII, aspectos que nos são exemplificados e revelados, por exemplo, por Montaigne, Bacon, Descartes ou pela disseminação geral do ceticismo e do livre-pensamento.
Em minha opinião, no entanto, esses aspectos são concomitantes e expressões de um processo mais profundo e mais fundamental, em resultado do qual o homem, como às vezes se diz, perdeu seu lugar no mundo ou, dito talvez mais corretamente, perdeu o próprio mundo em que vivia e sobre o qual pensava, e teve de transformar e substituir não só seus conceitos e atributos fundamentais, mas até mesmo o quadro de referência de seu pensamento.

Pode-se dizer, aproximadamente, que essa revolução científica e filosófica – é de fato impossível separar o aspecto filosófico do puramente científico desse processo, pois um e outro se mostram interdependentes e estreitamente unidos, - causou a destruição do Cosmos, ou seja, o desaparecimento dos conceitos válidos, filosófica e cientificamente, da concepção do mundo como um todo finito, fechado e ordenado hierarquicamente ( um todo no qual a hierarquia de valor determinava a hierarquia e a estrutura do ser, erguendo-se da terra escura, pesada e imperfeita para a perfeição cada vez mais exaltada das estrelas e das esferas celestes), e a sua substituição por um Universo indefinido e até mesmo infinito que é mantido coeso pela identidade de seus componentes e leis fundamentais, e no qual todos esses componentes são colocados no mesmo nível de ser. Isto, por seu turno, implica o abandono, pelo pensamento científico, de todas as considerações baseadas em conceitos de valor, como perfeição, harmonia, significado e objetivo e, finalmente, a completa desvalorização do ser, o divórcio do mundo do valor e do mundo dos fatos.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao Universo infinito. Rio de Janeiro/São Paulo, Forense-Universitária/Ed. da Universidade de São Paulo, 1979. P.13-14.

ATIVIDADES

1) – Faça um esquema comparativo da física de Aristóteles com a física de Galileu.

2) – Faça um esquema comparativo entre a astronomia de Ptolomeu e a de Galileu.

3) Relacione o surgimento da ciência moderna com a emergência da burguesia.

4) – O que significa dizer que Galileu abandonou o mito do cosmo hierarquizado? O que significa “democratização” do espaço físico? E geometrização do espaço?

5) No final do texto (Leitura Complementar), Koyré se refere ao “divórcio do mundo do valor e do mundo dos fatos”: explique como isso representa o nascimento da ciência moderna.